Quem sou eu

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eu sou aquele que não sou mas que sou ao mesmo tempo, que voa mas que anda quando voa, sou finito no infinito, sou a vida na morte e sou o tudo e o nada eu sou aquilo que vc ama mas que odeia eu sou um ser humano.

terça-feira, 19 de abril de 2011

escutatória





ESCUTATÓRIA
Rubem Alves
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia. 

 Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira. 

Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...  

 Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião. 


Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em “U“ definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: “Meus irmãos, vamos cantar o hino...“ Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar. A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto... (O amor que acende a lua, pág. 65.)
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quinta-feira, 14 de abril de 2011

liberdade


Conquistando a liberdade

Mesmo limitado pelo tempo e pelo espaço, mesmo programado por um código genético, mesmo sendo tributário de uma cultura, de uma historia e uma educação, mesmo dependendo de um psiquico e temperamento, mesmo carregando o peso da concretude e da materialidade , mesmo condicionado pela animalidade instintiva... sou livre!
Vocês foram chamados á liberdade
A verdade os torna livres
Onde esta seu coração esta sua liberdade
Sou livre quando amo o que faço e faço o que amo
Sou livre quando as pessoas ficam sempre mais livre eu menos escravo.
Sou livre quando esmagado pela dor, uma voz em mim diz : estais ressuscitando
Sou livre quando creio num Deus que criou tudo com amor e para liberdade
Sou livre quando aceito o convívio com a liberdade dos outros
Sou livre quando minha liberdade vale mais que o dinheiro
Sou livre quando a morte para mim não é mais do que a passagem para vida plena
Sou livre quando consigo ser pessoa e ser gente
Sou livre quando consigo descobrir a bondade que existe em cada ser criado  
Sou livre quando acredito no impossível
Sou livre quando aceito que na minha vida a primazia pertence a consciência
Sou livre quando não existe um preço para minha liberdade
sou livre quando a minha única lei è o amor
sou livre quando sei dar-me a todos sem exigir possuí-los
sou livre quando continuo a dizer não a opressão, mesmo estando sob ameaça
sou livre quando mesmo na cadeia, continuo a gritar o direito de minha liberdade
sou livre sempre que defendo com convicção e risco a liberdade dos outros   
sou livre que Deus é maior que meus pecados
sou livre quando na hora do meu fracasso , tenho sempre a possibilidade de recomeçar
sou livre quando quando posso tratar Deus por tu
eu sou liberdade.

Nego nagô


sexta-feira, 8 de abril de 2011

A sociedade vive de violência.

a palavra mas em voga agora chama-se segurança, em nome dela muitos governantes perde o poder, as pessoas gradeam suas casas, e quem pode vai morar em condominio de segurança maxima, são camaras, circuito interno de tv, mas a sensasão de insegurança continua. andamos na rua com medo do outro, quem é o outro que esta ao nosso lada no onibus, na rua, no cinema, no comercio, ele é sempre uma ameaça, mas de onde vem esta paranoia toda? temos ou não temos razão de estar passando por isso? se o outro parece estar fora dos padrões minimamente estabelecido pela sociedade pior ainda.mas a final o outro é aliado ou inimigo? mas não sera que é isso que estão querendo nos vender ? como assim vamos analizar um pouco.

vamos retomar uma trajetoria mas antiga, vamos trazer aqui uma frase muito conhecida de Tomaz Hobbes no seculo dessesete "Homo homini lupus" o homem é o lobo do homem, para Hobbes o homem por natureza procura ultrapassar todos os seus semelhantes, ele não busca somente a satisfação de suas necessidades naturais, mais também satisfazer a desejo de sua vaidade, o limite para o homem e sua propria vontade e desejo, e para satisfazer-se ele é capaz de tudo, mesmo porque nesta concepção o homem tem direito a todas as coisas, se cada homem tem direito a todas as coisas, normalmente tera uma tensão natural entre os homens sendo que nem todos podem ter tudo, ou um abre mão de certas coisas para estabelecer a paz ou eles entraram em conflito "bellum omnium contra omnes" a guerra de todos contra todos. o outro é sempre inimigo pois pode me privar daquilo que desejo.


 segundo Rousseau o homem nasce bom mas a sociedade o comrrope, já para lutero o homem nasce mau a sociedade o educa quem tem razão o ser humano nasce mau ou bom, e uma questão que ainda vamos debater por muito tempo, mas podemos dizer que nossa sociedade é movida pela violencia, praticamos violência em nome do poder, da liberdade, da paz, em nomem de Deus, enome da properidade e em nome da propria segurança. se nos darmos um passeio na historia humana vamos normalmente dar um passeio pela intolerancia, pela guerra e pela morte, desde da invasão  dos grandes imperios, ate as cruzadas podemos ver vilencia por todos os lados,  quando ficamos sentados na frente da televisão em nossas casas vemos o tanto de violencia que vamos cada dia transmitindo as futuras gerações depois nos perguntamos de onde vem tanta violencia.
 na maioria de nossas casas nossas crianças estão na frente da televisão assistindo o pica pau que do inicioa fim ensina nossas crianças como praticar violencia passando a elas que bater e normal,  assim é o tom e jerry, quando vamos ao cinema as salas estão cheias com os famosos filmes de ação que é violencia do inicio ao fim, quem não assistiu os varios filmes de rambo, exterminador do futuro e o estados unidos sempre invadindo algum pais para salvar o mundo, poe todos os lados assistimos violencia, sem falar da violencia do desemprego, da falta de educação e saude precaria.

se nós percebermos que quando pedimos segurança na verdade o estado nos da cada vez mais violencia, porque dentro de nossa sociedade a policia é a unica que é autorizada socialmete para pratica violencia e matar, como é que vamos combater a violencia com masis violencia. se a violencia gera mais violencia, mais seria muito mais facil adrmos oportnidade diferente para nossos jovens, deveriamos opotunizar para eles um espeço de cultura de lazer onde suas abilidades possam ser desenvolvidas, quando negamos isso a nossos jovens temos que botar mais policia na rua para coibir a violencia praticando o quê? sera que isto tem solução o sera que a violencia gera muito dinheiro para alguns que querem e fazem tudo para que a nossa sociedade continue cada vez praticando e aplaudindo a morte,


nego nagô.